Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. João 5:24


quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Lições em Atos dos Apóstolos - Parte 5

A narrativa teológica e apologética do livro de Atos

Sempre exato e preciso em suas informações, Lucas divide sua narrativa em episódios rigorosamente encadeados, objetivando mostrar o avanço sistemático e logístico da Igreja de Cristo, embora pareça que esta, logo no início, haja se expandido de maneira espontânea.

Como bom teólogo que era, Lucas vai apresentando provas e evidências que dão foro às doutrinas cristãs. Nisto, destaca-se ele também como um dos maiores apologistas das Sagradas Escrituras.

Sua pneumatologia, por exemplo, apesar de não sistematizada, é mais do que desenvolvida. Apresenta o Espírito Santo não como uma força impessoal, mas como a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. No que tange ao batismo com o Espírito Santo, Lucas prova, em três distintas ocasiões, que o fenômeno observado em Atos capítulo dois é de fato acompanhado pela evidência física do falar noutras línguas (At 2.4; 10.44-47; At 19.6). O mesmo se dá com as demais doutrinas. E a sua cristologia? Quer diante da comunidade judaica, quer diante da grega, ele mostra, através da ação dos santos apóstolos, que Jesus era e é verdadeiro homem e verdadeiro Deus.

Assim podemos dividir os Atos dos Apóstolos: eventos pré-pentecostais, eventos pentecostais, a expansão da Igreja em Jerusalém, na Judéia e Samaria e entre os gentios.

Eventos pré-pentecostais

Dois foram os principais eventos que precederam a efusão do Espírito Santo no Pentecostes: a ascensão de Nosso Senhor e a eleição de Matias para ocupar o lugar menosprezado por Judas Iscariotes. Não podemos olvidar da Comissão Missionária que Jesus Cristo confiou aos seus discípulos.

1. A comissão missionária. Antes de ascender aos céus o Senhor Jesus deixa aos seus discípulos duas recomendações. Em primeiro lugar, não deveriam eles se preocupar com o eventual advento do império de Israel que, na época de Salomão, alcançou a sua maior expressão política, econômica e social. Deveriam eles, agora, ater-se à expansão do Reino de Deus. Após a efusão do Espírito, começariam eles por Jerusalém, percorreriam toda a Judéia e Samaria até que viessem a alcançar os confins da terra.

A recomendação do Senhor Jesus era mais do que clara; era explícita: “Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.7,8).

Essa ordem do Cristo justifica toda a narrativa do livro. Os Atos dos Apóstolos existem porque o Senhor Jesus determinou aos discípulos permanecerem em Jerusalém até que, do alto, fossem revestidos do poder de Deus. Batizados já com o Espírito Santo, não permaneceriam inertes, contemplativos. Mas, começando de Jerusalém, alcançariam os longes desta terra que nos deu o Senhor. Os Atos dos Apóstolos, por conseguinte, existem porque os discípulos obedeceram ao mandato do Cristo. É o que justifica a existência do livro.

2. Ascensão de Cristo. A subida do Cristo ressurreto e glorioso ao céu, não foi um engenho mitológico criado por Lucas, mas um fato histórico testemunhado por centenas de pessoas (At 1.15; 1 Co 15.6).

A ascensão do Senhor tem de ser vista também de duas perspectivas doutrinárias: paracletológica (At 1.4,5) e escatológica (At 10.11). Ou seja: a efusão do Espírito Santo, que se deu no Dia de Pentecostes (At 2) e a parousia que se dará a qualquer momento, conforme garantem as mesmas Escrituras.

3. A eleição de Matias. A eleição de Matias para ocupar o posto desprezado por Judas Iscariotes é o segundo evento pré-pentecostal mais importante registrado por Lucas (At 1.12-26).

A escolha do substituto de Judas tem de ser encarada como um capítulo importantíssimo da História da Igreja Cristã. Além do mais, foi o próprio Espírito Santo quem constrangeu a Pedro a presidir a reunião que culminou com a escolha de Matias. A Igreja não poderia ser inaugurada com o colégio apostólico incompleto.

| Autor: Pastor Claudionor Andrade 

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